Quinta, 24 de março de 2022

O atual embate por reajustes salariais, no caso presente, a recomposição das perdas salariais, entre os profissionais da Segurança e o Governo do Estado de Minas Gerais é apenas mais um lamentável capítulo desse infinito calvário por que passam esses profissionais a cada ano, seja qual for a linha governamental.

   Os discursos bem elaborados e suficientemente convincentes dos Governadores acabam por dissuadir esforços e a persuadir pessoas, sempre com paliativos emergenciais e oportunistas que abrandam os lamentos da classe, mantendo-a sob controle.

   Enganam-se os que acreditam que é exclusividade do atual governo a falta de reconhecimento a uma classe de trabalhadores que não tem hora para prestar seus serviços. As falácias governamentais se arrastam há décadas, sempre empurrando para mais adiante ou culpando o governo anterior, é fato recorrente e já por demais conhecido de todos.

   Nesse momento, com a insensibilidade do Senhor Romeu Zema, algumas mazelas nos parecem aclaradas, dando um novo tempero à salada de engodos e mentiras, por anos escondidas por debaixo do tapete.

   Algo assim inacreditável a qualquer um que se prontifique a estudar, mais detidamente sobre o nebuloso problema da Segurança Pública. Não aqueles acadêmicos que nunca estiveram à frente de situações reais de enfrentamento à criminalidade, mas por alguém que, de fato, se preocupe em diagnosticar o problema crônico que envolve o tema.

   Passei 30 anos nas fileiras da PMMG, 20 dos quais, nem sequer conhecia um colete à prova de balas, fui transferido para a reserva em 2010. Não tenho ideia exata de quantas vezes fui para o combate utilizando em minha arma, munição recarregada, sem um mínimo de eficácia comprovada, ou seja, sem a garantia de fábrica, portanto, sem o devido controle de qualidade. Aliás, a própria PM as recarregava, numa tentativa, talvez irresponsável, de economizar para o Estado.

   Quantas vezes, quantos quilômetros rodei com viaturas sem um mínimo de segurança, viaturas que certamente seriam reprovadas numa simples e benevolente vistoria veicular, com o único objetivo de não permitir quebra na operacionalidade.

   Quantas vezes deixei de lançar viaturas para o patrulhamento por falta de combustível.

   As condições de trabalho não mudaram muito, os modernos equipamentos tem prazo de validade, não atuam sozinhos, o fator humano ainda é primordial. Modernos celulares, internet “bombada”, não são custeadas pelo Estado. Os patrulheiros o fazem por conta própria para maximizar sua produtividade em prol da sociedade.

   Nossas viúvas e filhos não usam fardas, logo não precisam compra-las.

   O descaso com  a Segurança Pública certamente atinge, em primeiro lugar, a sociedade,  nossa profissão ainda nos oferece preparo para nos auto defender, a população perderá confiança mais dia menos dia, uma vez arrombada a porteira, será muito difícil controlar a manada.

   Provavelmente um visionário já tenha se manifestado que a Segurança Pública não é prioridade, talvez seja apenas mais um luxo em um país cuja violência o tornou referência internacional.

   Talvez os Encarregados pela Aplicação das Leis não integrem a sociedade, são seres inanimados, controlados por controle remoto e movidos pelo termo “MEUS PARABÉNS”.

   Paz e Luz.


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Domingo, 21 de agosto de 2022

Escolhas















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