Domingo, 25 de junho de 2023

Por: TOHRU VALADARES

Caríssimo ledor(a), luto pela morte de um ente querido é um momento bastante delicado, mas que precisa ser enfrentado e superado. Uma das formas de encontrar paz e aceitação para superar o luto é buscar apoio na fé, independente da religião seguida. Confira a seguir como cada religião lida com a morte e o processo de luto: Catolicismo, religião da maioria da população brasileira, para o catolicismo quem morre está numa dimensão espiritual melhor. A Igreja acredita que o falecido está bem, feliz e continua amando aqueles que ficaram para trás. A religião também ressalta que um dia o reencontro com pessoas queridas deve acontecer; Protestantismo, para a religião com maior crescimento nos últimos anos, a morte é uma situação natural da vida por qual todos irão passar. Para ela, há uma segunda vida após a breve passagem pela Terra, onde todos darão conta do que fizeram. Os protestantes acreditam em céu e inferno, e o destino dependerá não só do que foi feito na terra, mas também da força da fé e do amor a Deus. Como conforto, a religião prega a esperança de uma vida ao lado de Cristo após a morte, sendo assim, todos se encontrarão um dia; Espiritismo, a dor sentida durante o luto é grande pelo fato de o conceito de imortalidade ainda não ser aceito pela maioria das pessoas. A religião acredita que o espírito pode reencarnar várias vezes em diversos planos espirituais. É natural a saudade, pela ausência da presença física de quem partiu, no rumo da pátria espiritual. Mas deve-se levar em conta que não é um adeus, mas um até breve. O momento da separação deve ser entendido como um partir antes, mas que os reencontros sempre acontecerão, seja durante os períodos de emancipação da alma ou durante o sono físico, em forma de sonhos; Budismo, acredita que o indivíduo precisa treinar sua mente durante toda a vida para estar sereno e tranquilo quando chegar a hora de morrer. Isso ajudaria a ter um renascimento melhor, pois a religião acredita na reencarnação. O sofrimento e o choro são ações evitadas pelos budistas, pois é preciso buscar o equilíbrio e a positividade, para que a alma do ente querido vá em paz; Islamismo, para os seus seguidores, a morte é uma passagem para a vida eterna. Todos serão julgados, e quem fizer o bem irá para o céu, já quem fizer o mal irá para o inferno. Após a morte, o corpo perde o significado; Judaísmo, a morte não é o fim da vida, apenas do corpo, já que a pessoa é a alma, e a alma é eterna. Os judeus acreditam que a alma vai para outro mundo, mas que ela pode voltar à Terra em outro corpo para terminar sua missão. Para eles, a dor da perda deve ser expressa de diversas maneiras; Santos dos últimos dias (Mórmon), acreditam que a morte não é o fim, mas um passo adiante no plano celestial. A religião diz que ao morrer o espírito seguirá aprendendo os ensinamentos de Deus, para assim progredir e encontrar seus entes queridos no reino celeste. Uma vez que os espíritos dos familiares se encontrarem, ficarão unidos para sempre; No Candomblé, a interpretação sobre a morte é, passar para outra dimensão e permanecer junto com os outros espíritos, orixás e guias. Trabalha com a força da natureza existente entre o mundo material (Àiyé) e o céu (Órun). No candomblé, a morte não significa a extinção total, ou aniquilamento. Morrer é uma mudança de estado, de plano de existência; fazendo parte do ciclo, ao mesmo tempo religioso e vital, que possui início, meio e fim. Não existem fórmulas mágicas ou receitas infalíveis para lidar com o luto e sim pensamentos e atitudes que nos auxiliam nessa longa caminhada. Entramos no luto, sofremos e temos que aprender a lidar com a ausência e com a distância. Cada pessoa tem o seu tempo, e precisamos estar livres, sem cobranças e especulações até conseguirmos nos adaptar e aprendermos a sobreviver sem a pessoa que se foi. O “se” e o “quando” não nos ajudam em nada nesse momento, pelo contrário, essas palavras nos ferem como um punhal. Não acreditamos no que aconteceu, não queremos falar sobre o assunto, temos falta de energia e alterações no sono, no humor e no apetite, o que nos leva a um isolamento e distanciamento do presente. Sentimos raiva das pessoas e muitas vezes da espiritualidade que acreditamos, pois foi permitido que o ser amado fosse tirado de nós e está raiva precisa ser colocada para fora. A nossa angústia se transforma em revolta e a relação com outras pessoas pode se tornar um grande martírio, pois como elas conseguem trabalhar, estudar e seguir em frente? Parece que todos continuam sua caminhada, menos o enlutado. O luto é um período de muita solidão e ao mesmo tempo, muito sagrado. É vivenciado de maneira ímpar, pois cada pessoa reage a ele de maneira diferente e não existe certo ou errado. “Faço tudo que for possível para que esses sentimentos acabem.” É uma ideia recorrente que nos atinge, até tomarmos a consciência que não tem volta e que não poderemos fazer mais nada. Para a morte e o tempo, não existe negociação. Em processo de doença grave e sem cura, por exemplo, a morte começa a ser encarada de perto, pois a percepção do estado de saúde do nosso ente querido aciona o gatilho do Luto antecipatório, que pode ser vivido tanto pelo paciente, como pela família, amigos e profissionais de saúde. É uma fase dolorida e de elaboração, compreendida entre o diagnóstico de uma doença e a morte propriamente dita. A tristeza se faz presente, com a percepção consciente que a perda está ali. Percebemos a finitude do ser humano. O luto é necessário e primordial para que consigamos continuar nossa caminhada, sem tempo pré-determinado, mas que pode ser amparado e cuidado. Mesmo sendo um momento de profunda tristeza, o luto pode, sim, ser saudável. É uma reação normal e, até certo ponto, pode e deve ser vivenciado para que a pessoa que sofreu a perda chegue enfim na fase de aceitação. Citando meu tio, o Sr. Norberto Rodrigues, in memoriam (conhecido como Betão da Soraya) A HORA É AGORA, Paz&Bem.


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