Domingo, 30 de junho de 2024

Por: TOHRU VALADARES

Caríssimo ledor(a), estamos nos habituando a uma nova era, um momento coletivo e individual, uma dualidade interessante, com tudo, complexa, necessitamos adaptar quanto a velocidade dos acontecimentos ao redor, ter respostas de prontidão e produzir com intensidade formas para completar lacunas inimagináveis, é quase necessário que cheguemos perto da perfeição para fazer parte do sistema. Tornamo-nos exímios competidores.

Quem não seguir o fluxo, fica para trás, precisamos ser melhores do que os outros para receber as bonificações do emprego e da vida, constantemente somos incentivados o tempo todo a consumir bens e serviços para obter prazer e felicidade. É admirável a coragem daqueles que se livraram de seus bens materiais e iniciaram uma peregrinação apenas para dentro de si mesmos.

Acontece que, apesar de ser importante ter dinheiro, ele ainda não compra sentimentos, ainda bem por isso, aprendi que chega uma hora em que o consumir consome, e acabamos nos perdendo dentro de nossas próprias necessidades e valores. Nos momentos em que esse estilo de vida moderna satura a todos nós, precisamos fugir, ir para outro lugar.

Hoje em dia é raridade recebermos uma carta escrita de próprio punho, algo tão simples, que já foi tão presente na vida das pessoas, praticamente se extinguiu depois da era virtual, a pessoa que escreveu solicitando uma explanação sistêmica e analítica sobre como podemos viver, uma vida mais simples e que tenha tudo de necessário para nossa sobrevivência, despertou-me uma grande alegria, um sentimento bastante simplório.

Apesar da rotina dos dias, do trânsito caótico e da poluição nos olhos, apesar das distâncias físicas e virtuais, do consumismo acelerado e da inversão de valores da nossa sociedade, ainda encontramos pessoas iguais a nós. Sim, ainda precisamos uns dos outros. Se você sente a vida como eu, seja bem-vindo a essa sensação.

Como um amigo que mora do outro lado do oceano me disse: “Ainda não sei se sentir o mundo com mais intensidade nos faz mais felizes ou tristes, mas é algo que vem da alma, não dá para mudar…” É que não podemos mais brecar nossos sentidos e desejos. Talvez muitos não compreendam, pois essas pessoas não veem a vida com os olhos de sentir.

Mas nós, seres imperfeitos, inquietos e questionadores, estamos aprendendo a deixar fluir o que vem de dentro: os segredos que não revelamos, os sonhos que desejamos e as histórias que guardamos, porque somos o que sentimos em nós e nos outros, e essa é a maior riqueza que podemos levar conosco.

Tudo é passageiro e temporário, ainda que quiséssemos a eternidade, ela nunca estará disponível ao toque de nossas mãos, pois seria uma catástrofe se assim fosse. As melhores coisas da vida estão naquilo que não podemos dominar: aconchega-se na saudade que sentimos, no sofrimento de amor, a dor da partida e principalmente no desapego das prisões sentimentais.

Ser feliz com pouco, para mim, nada mais é que amar aquilo que tem, respeitar o que é do outro e desejar tudo que realmente servirá para de alguma forma acrescentar ou preencher em mim o que falta, não para sobrar ou ostentar ao outro pelo simples fato de querer sustentar uma felicidade em cima da felicidade alheia.

Podemos ser felizes sem que, o outro seja infeliz, somando-nos uns aos outros, dividindo o amor e tendo como saldo a gratidão, viva assim e você não precisará levantar nenhuma bandeira cujo em seu predicado carregue o “ismo” e nem devendo favores incalculáveis para quitação, pois sabe-se bem o quanto pode custar a expressão, “você me deve uma”.

Não caia nessa armadilha, ninguém deve nada a ninguém, se algo foi realizado ou feito, houve uma livre manifestação de vontade e capacidade, não gaste energia explicando ou querendo explicações, somos criados para criar e incentivados pela manutenção das criações realizáveis ou realizadas, aceite o que vier, faça o que der, busque ser mais que ter, assim vivera sem o peso da obrigatoriedade pessoal em querer agradar a tudo e há todos.

Paz e Bem.


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