Domingo, 18 de agosto de 2024 ( Atualizada em 18/08/2024 às 09:29)

Por: TOHRU VALADARES

Caríssimo ledor(a), estamos sendo infestados por um mal silencioso, mal esse que não transparece efeitos visíveis e nem deixam uma pista sobre sua atuação no ser humano, estou falando da depressão, precisamente a depressão no meio cristão. Apesar de controverso, os cristãos que sofrem de depressão, muitas das vezes sentem-se envergonhados em dizer que estão passando por tal mal.

Alguns escondem dos membros e líderes religiosos, por temerem discriminação e julgamento por parte dos outros fieis. “Por muito tempo, a comunidade cristã tratou as pessoas com depressão de forma discriminatória”. Após fazer uma longa lista dos motivos pelos quais discordo que “há algo de errado” com cristãos depressivos, rejeito os argumentos comuns que essas pessoas precisavam apenas “orar mais”, “ler mais a Bíblia” ou “ir à igreja com mais frequência”.

O principal ponto levantado por quem viveu esse problema por muito tempo, é que algumas pessoas simplesmente possuem “um desequilíbrio químico no cérebro”. Portanto, elas precisam de cuidado e não de acusações. “Dizer a alguém que luta contra a depressão que ela está assim porque Jesus não está no centro de sua vida é o mesmo que dizer a alguém com câncer que ela tem essa doença porque Jesus não está no centro de sua vida “, faço essa analogia por já ter vivido, presenciado e trabalhado com pessoas que passaram por tal situação.

Estar deprimido não significa que você é um ímpio e ponto final”, as pessoas que dizem o contrário são muito orgulhosas e arrogantes. Elas deveriam passar algum tempo olhando-se no espelho ao invés de olhar para os outros julgar, ou dizer coisas que simplesmente mostram o seu nível de ignorância, enfatizo que problemas de saúde mental é apenas uma dentre as muitas consequências da queda do homem.

Além de orações e uma conversa com seu pastor ou líder religioso, aconselho você a procurar ajuda de um profissional, uma palavra de estímulo, isso não significa que você não tem fé! Não permita que ninguém o desqualifique por causa disso.

Estima-se que devido ao desconhecimento das pessoas sobre o tema, somente 1 em cada 4 indivíduos com depressão tem conhecimento do transtorno que o aflige e consegue buscar auxílio ou seja, 75% das pessoas com depressão não sabem que estão doentes e por isso sofrem sem tratamento adequado, apresentando perda da autoestima e da capacidade de se concentrar, o que leva a dificuldades profissionais e familiares.

Em certos indivíduos ocorrem algumas alterações químicas no cérebro, substâncias responsáveis pela alegria e equilíbrio do humor, pois a serotonina, a noradrenalina e a dopamina estão em desequilíbrio e isso desencadeia a depressão: um estado de humor acabrunhado e de tristeza, que não estão diretamente relacionados a experiências tristes.

Saiba que parte o seu coração imaginar todas as pessoas que acabam “desfocadas em sua jornada espiritual” quando ouvem que não podem ser considerados “crentes de verdade” por sentirem-se deprimidas, os cristãos deprimidos precisam lembrar que “nunca estão sozinhos”.

Faca então um desafio, pelo amor de Deus, faça de sua igreja um refúgio para quem lida com a depressão, não uma câmara de tortura. Citando Romanos 12:15, lembrou que na Bíblia e exorta os cristãos a “Alegrarem-se com os que se alegram e chorem com os que choram”. Ficar em silêncio é a coisa mais perigosa.

Busque ajuda você não está só, "Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca." (Matheus 26:41), vigiar é buscar a ajuda profissional que precisa e orar é, pedir auxílio ao senhor para que as coisas ocorram da melhor maneira possível. Pesquisas demonstram que a religião, seja ela qual for, tem um impacto positivo na saúde mental.

Pessoas que tinham uma maior religiosidade intrínseca, que é um conceito muito próximo da espiritualidade, possuíam também maior nível de um marcador neurobiológico entendido como um possível indicador de maior neuroplasticidade cerebral, Neuroplasticidade é a capacidade que o cérebro tem de expandir conexões e encontrar novos caminhos para continuar funcionando.

Várias substâncias, entre elas os antidepressivos, têm o potencial de facilitar a plasticidade do cérebro, a possível maior neuroplasticidade em pessoas com maior religiosidade talvez explique o benefício da crença para a saúde mental, especialmente na depressão.  É possível que pessoas com a sua espiritualidade e uma vida saudável tendem a ter melhor saúde mental e até a se recuperar mais rapidamente de quadros psiquiátricos.

Entretanto, o ideal é não relativizar o tratamento convencional, que tem eficácia comprovada. "A religião não pode ser ciência. Um líder religioso não é alguém habilitado para substituir um profissional de saúde para realizar procedimentos invasivos, não é razoável que uma pessoa que precise de uma cirurgia cardíaca tente resolver o problema só com reza e oração, dentro de uma lógica religiosa, a divindade é o autor e resultado de tudo, ele fornece instrumentos e pessoas justamente para auxiliar e amenizar possíveis males existentes.

Transtornos mentais, como a depressão, muitas vezes necessitam de tratamento farmacológico. Os medicamentos antidepressivos, por exemplo, aumentam a oferta de neurotransmissores e promovem a volta ao estado normal do paciente, oferecendo qualidade de vida. É perigoso abrir mão disso e buscar apoio apenas na religião, pois muitos transtornos psiquiátricos aumentam o risco de suicídio. Portanto, o tratamento adequado (remédio e/ou psicoterapia) é essencial.

O papel de uma liderança responsável é encaminhar e estimular as pessoas a buscarem ajuda profissional, seja na terapia privada, seja no SUS, existe bastante espaço para a religiosidade e a busca por ajuda dentro dos aspectos físicos e materiais da existência. Paz&Bem.


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