IMIGRAÇÃO
Imigrante mineiro morto em acidente nos EUA é sepultado nesta quinta-feira 14
Um valadarense que estava com ele na caminhonete sobreviveu
Quinta, 14 de novembro de 2024 ( Atualizada em 14/11/2024 às 21:59)
Kenny Roberto Milanez, de 41 anos, um dos brasileiros que morreu durante um acidente no dia 2 de novembro na Rota 495, na altura de Methuen, em Massachusetts, foi sepultado nesta quinta-feira (14), em Uberaba.
O velório ocorreu na Funerária Uberaba e o sepultamento foi 17h no Cemitério São João Batista.
Luciana Milanez, esposa de Kenny, contou que o translado do corpo e o velório foram possíveis graças a duas campanhas de arrecadação de dinheiro. Uma delas, no valor de 50 mil dólares, foi dividida entre as quatro famílias dos operários envolvidos no acidente.
Já a outra, feita em reais, teve como objetivo arrecadar R$ 65 mil para contribuir com o velório de Kenny e as passagens de volta para o Brasil de Luciana e dos filhos.
Ainda segundo Luciana, o sepultamento no Brasil foi um pedido da sogra, mãe de Kenny.
O uberabense, que vivia nos Estados Unidos desde 2019 com a esposa e os filhos, de 3 e 7 anos, não resistiu aos ferimentos após a caminhonete em que ele estava ser atingida por um carro, capotar e bater em uma árvore.
Segundo informações de uma testemunha, a caminhonete que transportava quatro mineiros — dois de Caratinga, um de Governador Valadares e Kenny, de Uberaba — foi atingida na traseira por um carro dirigido por uma americana, de 26 anos.
Celso Glayson Dias, de 37 anos, era de Dom Modesto, distrito de Caratinga. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Lawrence General, onde não resistiu aos ferimentos. O mineiro estava no banco do passageiro na frente.
Já no banco traseiro, atrás de Celso, estava Kenny, que morreu durante o transporte para o hospital. Os quatro seguiam para o trabalho em New Hampshire.
Os dois sobreviventes são Tiago Silvério, de Governador Valadares, e Bruno Viana, de Caratinga. Bruno foi socorrido em estado mais crítico, segue internado no hospital, mas não corre risco de morrer, segundo uma testemunha. Tiago também foi levado para o hospital, mas já recebeu alta.
“Disse que não queria ir trabalhar”
É assim que Luciana Milanez se lembra da última vez que esteve com o marido. Ao g1, ela contou que eles passaram a noite juntos, jantaram, brincaram com os filhos e depois se deitaram.
“Ele costumava me chamar de ‘meu anjo’. Naquela noite ele me disse que estava cansado, que não queria ir trabalhar. Eu então falei para ele faltar, mas ele insistiu em ir, disse que tinha um compromisso com nossa família”, lembrou.
No dia seguinte, Luciana acordou sozinha. Como de costume, Kenny saiu para trabalhar e ela ficou com os filhos até o horário de ir para o trabalho também.
“Eu estava me arrumando quando uma amiga, que é esposa de um dos amigos do Kenny, me ligou e contou do acidente. Ela não disse de cara o que havia acontecido. Eu só fui descobrir a gravidade do acidente quando me disseram que meu marido não havia resistido”.
“Meu mundo caiu”.
Thiago Silvério contou que após o acidente ainda conversou com Kenny.
“Ele estava acordado, mas disse que estava sentindo muita dor por ter ficado preso às ferragens. Quando o salvamento chegou fomos separados, ele foi para a emergência em um helicóptero e não resistiu durante o transporte.”
Contudo, de acordo com Luciana, o laudo com a causa da morte do marido ainda não foi disponibilizado.
Americana presa
Na tarde do dia 2 de novembro, a americana dirigia a 160 km/h quando o carro atingiu os brasileiros. Ela se apresentou à polícia no mesmo dia.
O caso foi acompanhado pela imprensa local, que informou que a mulher não se lembrava do que aconteceu e alegou inocência. Uma testemunha que presenciou os fatos acionou a polícia enquanto seguia a mulher.
Ainda conforme o que foi divulgado, ela esteve, desde o dia anterior, em um bar e em uma festa de Halloween, onde ingeriu bebida alcoólica. A condutora voltava da festa quando o acidente aconteceu.
Quando ela se apresentou, ainda estava sob efeito de álcool e estava com a carteira de habilitação suspensa. O juiz estipulou uma fiança de 200 mil dólares, sendo que, ao pagar o valor, ela teria que usar tornozeleira eletrônica.
Para a imprensa local, a polícia informou que a mulher será indiciada por três crimes: duplo homicídio por irresponsabilidade, deixar a cena do acidente e dirigir com a carteira suspensa.
Além disso, ficaria em prisão domiciliar, proibida de ingerir bebida alcoólica e dirigir. Ela, que trabalhava como motorista de aplicativo, continua presa e não pagou a fiança.
Fonte: G1