Segunda, 10 de março de 2025 ( Atualizada em 10/03/2025 às 08:17)

Por Thiago Ferreira Coelho/Univale
O projeto literário “Mulheres do Brasil”, da Editora A Arte da Palavra, prevê o lançamento de obras que valorizem vozes femininas de cada região do país. O volume dedicado às mineiras, “Mulheres do Brasil – Minas Gerais”, já está em pré-venda e foi organizado por Deborah Vieira, professora da UNIVALE e diretora da UNIVALE Editora. Deborah também é uma das nove autoras que tiveram textos selecionados para a coletânea. Além dela, outra professora da universidade e aluna do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT), Joana Paula Ataíde, teve um conto escolhido para a publicação – e a inspiração de Joana veio de sua orientadora no mestrado, a professora Patrícia Falco Genovez.
Em sua primeira experiência como organizadora de uma coletânea literária, mas já tendo atuado como organizadora de obras científicas, Deborah participou do processo de leitura e seleção de contos, crônicas e poesias sobre temas variados, incluindo desafios, cotidiano, alegrias e memórias das autoras.
“A ideia é realmente espalhar essas histórias escritas por mulheres, feitas por mulheres, e valorizar a literatura feita por e para mulheres. A gente tem esse espaço aí também sendo alcançado. Como organizadora foi uma experiência linda. Foi muito gostoso poder conhecer outras autoras, tanto experientes quanto iniciantes, que estão dispostas a colocar a sua arte para o mundo. A gente tem de tudo nesse livro, porque é muito importante valorizar especialmente aquilo que é escrito na nossa região e no nosso estado”, afirmou Deborah.
Patrícia Paula
Como escritora, a participação na coletânea “Mulheres do Brasil – Minas Gerais” também foi uma nova oportunidade para Deborah se dedicar à escrita. “Pelo tempo ser muito curto, não tenho me dedicado tanto à literatura. Tenho me dedicado mais à escrita acadêmica, mas veio a oportunidade desse livro e logo pensei em escrever e enviar um conto bem curtinho. É uma história totalmente diferente do que eu já escrevi, porque geralmente escrevo romance. E este é mais um thriller, vai um pouquinho para o terror e para o suspense. Mas eu acho que é um espaço de experimentação também, e me senti muito acolhida estando em meio a outras autoras tão bacanas e com trabalhos tão relevantes”, acrescentou Deborah.
A coletânea “Mulheres do Brasil – Minas Gerais” está em pré-venda a R$ 30 até o dia 13 deste mês. Compras acima de R$ 50 no site da editora ganham uma ecobag de brinde, e os livros serão enviados 20 dias depois do término da pré-venda.
Da produção acadêmica para a literatura em “Mulheres do Brasil”
O texto da professora Joana Paula Ataíde, intitulado “Sete Salões e o travesso Borum” conta a história de uma antropóloga chamada Matilda, que conhece uma criança Krenak chamada Borum, no território indígena de Sete Salões, situado entre os municípios de Conselheiro Pena, Itueta, Resplendor e Santa Rita do Itueto. O conto faz parte de uma série de três textos que Joana produziu durante o mestrado – com banca de defesa da dissertação prevista para este mês de março, mesmo mês em que celebra o Dia Internacional das Mulheres (dia 8).
Patrícia Genovez
“Em todos esses contos há uma personagem central. Os textos construídos durante a pesquisa tratam de um recorte diferente do território. Essas personagens centrais todas remetem à minha orientadora, Patrícia Falco Genovez. Eu cito características da Patrícia, incluí nos contos até brincadeiras que ela falou em sala de aula. Cada personagem tem uma faceta da Patrícia”, revela Joana.
No texto selecionado para a coletânea “Mulheres do Brasil – Minas Gerais”, a personagem Matilda desbrava o território sagrado de indígenas Krenak. Outros personagens dos contos também foram inspirados em docentes do mestrado. “Coloquei a UNIVALE como uma representação do Vale do Rio Doce. São várias tramas que acontecem aqui. E a terra de Sete Salões é um lugar sagrado para os Krenak. A Matilda vê um território diferente, o Borum é uma criança Krenak que mostra para ela um olhar além da floresta, misturando o místico, o lúdico e o simbólico. E ela, como antropóloga, se rende aos mistérios. É um conto com elementos fantásticos, que representam poderes”, acrescenta Joana.
Inicialmente surpreendida com a homenagem, a professora Patrícia Falco Genovez acredita que a experiência literária de Joana trouxe uma originalidade capaz de aproximar a produção acadêmica do público em geral. As duas, que já haviam colaborado no roteiro da peça teatral Nosso Chão – também com coautoria do professor Valdicélio Martins – devem ampliar a parceria na escrita.
“Esse tipo de proposta retira professores e pesquisadores de um cenário distante, como se a produção do conhecimento fosse algo inalcançável, e nos coloca mais próximos do público em geral. Isso mostra a potência da linguagem literária e sua relevância na construção de importantes pontes entre a teoria e a ficção, ampliando as possibilidades de diálogo do meio acadêmico e explorando novos formatos. Logo, teremos um romance histórico em coautoria que serviu de embasamento para o espetáculo Nosso Chão. Aliás, os projetos não vão parar por aí. Inclusive, já inspirei outras personagens e fiquei muito feliz com o convite da Joana para explorarmos, juntas, novas possibilidades de escrita”, declarou Patrícia.
